quinta-feira, 21 de abril de 2011

Ode ao amor


O amor é algo infinito. Ele alimenta, acalenta, acalma, apóia, enaltece, e quanto mais você dá, mais ele aumenta, a seu redor e em você mesmo.
Amar significa união, mas também significa carinho, cuidados físicos, sexo, estar ao lado da pessoa em silêncio, ouvir, rir ou chorar juntos, pensar, instruir, orar. Outras vezes o amor significa mostrar a verdade, e a verdade pode não ser uma flor; significa educar, e acontece que educação, às vezes, é ser duro ou chato para quem é educado, ao demonstrar o que são limites, respeito e responsabilidades, e não deixa de ser uma manifestação do próprio amor; só depende quem é o alvo amado e daquele que ama.
Infelizmente existem pessoas que demonstram ódio, ira, violência, irritação, crueldade, e está claro que isto é a falta de amor. E na busca desesperada da pessoa em preencher este sentimento dentro de si, chamando a atenção de forma equivocada, porque, muitas das vezes, não conheceram o amor antes, por não ter quem as amasse. E quanto mais vil a pessoa é, deixa mais transparente seu desconhecimento em amor. Lao-Tsé diz que “a raiz da nobreza é a humildade”.
E eu fico me perguntando, como é possível uma criança sobreviver sem que alguém as cubra a noite, reze com ela, leia um livro, abrace, beije, pegue sua mão, ou doe este sentimento da forma que for? Quantas crianças sobrevivem assim ou convivem com hábitos piores? E que jeito ela vai levar sua vida? Criar seus filhos? Porque se ao plantarmos amor, ele frutifica, outros hábitos também permanecem.
Sinceramente, para cultivá-lo, não é muito fácil, é necessário dedicação, paciência, criar forças que não temos, nos afastar de outras coisas que gostamos, perdão, misericórdia, saber lidar com a ingratidão, exigências, altercações, como tudo na vida, porém, não poderia resultar em dor, como muitas vezes resulta. Aí é preciso mais amor, a fim de que ele sobrepuje toda a escuridão formada.
O amor, embora sentimento, é visível em ações, no olhar, por vezes até pelo pensamento e, embora o seio familiar seja sua casa primordial, ainda restam ações universais, destas que nos enchem os olhos e dá fé a humanidade. Pode ser manifestado através das artes, da música, mas até mesmo por um almoço bem feito. Uma imagem que costuma me emocionar, por exemplo, é a do anônimo da Praça da Paz, na China, que ficou na frente de três tanques, os parando, lembrando que tudo, até a liberdade precisa do amor para protegê-la.
Diz-se que Deus é amor e eu creio nisto. Em um mundo onde se tem tamanha abundância, como poderíamos dizer o contrário? Triste, mas verdadeiro, é a falta de amor, que parece sempre ter existido, e não só aplicada na divisão, os próprios seres não se amam, não respeitam seus sentimentos, não se aplicam em seus dons, não tem prazer no que fazem, nem nas companhias que desfrutam.
No final das contas todos dizem que buscam o Amor, mas buscam poder, dinheiro, beleza, porque terão admiração, respeito, companhia, preencher a vaidade do Ego, e isso torna-se uma busca incansável, um querer infinito, que pode ser depurado examinando-se outras formas um pouco mais caridosas e verdadeiras, ou criar um buraco sem fim de desejos. Se pensarmos globalmente, dá para perceber que certas coisas afetam a todos, e se muita gente ajudar quando alguém, uma cidade, um país precisa, receberá também quando precisar. Esta é a lógica da abundância do compartilhar, que é dar sempre, para receber sempre, mas existe a lógica da preguiça, do egocentrismo, do egoísmo, que é fazer nada, nem o mínimo necessário por si mesmo, esperando que alguém faça. “E a quem o Céu quer salvar, ele protege com o seu amor.” (TSÉ, Lao).


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